segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

FOTÓGRAFOS ESTÃO ENTRE AS VÍTIMAS DA TRAGÉDIA DA BOATE KISS EM RS

Afinal, quem não se emocionou com o que aconteceu de sábado para domingo no RS? O
 blog Fotocolagem trouxe informações sobre fotógrafos que estavam no local e eu resolvi replicar a matéria.

(Foto: AFP)
O estúdio de fotografias TuaFoto, que fazia fotos da festa Agromerados, quando houve o incêndio na boate Kiss, informou que entregou todas as imagens à Delegacia da Polícia Civil, em Santa Maria. Os responsáveis pelo estúdio informaram que, por respeito às famílias das vítimas, não divulgarão as fotos feitas durante a festa.

Por meio de sua página na rede social Facebook, o estúdio informou que os seus fotógrafos que trabalhavam na festa e o DJ Lucas Perançoni estão passando bem. O fotógrafo e um dos sócios de outro estúdio fotográfico que fazia fotos da festa, o SiteZoom Net, morreram no incêndio, segundo informações de um dos diretores da empresa.

Sucessão de erros

Erros de gerenciamento da casa de shows foram a causa da tragédia de ontem, em Santa Maria, no interior gaúcho, segundo especialistas ouvidos pela Folha. De acordo com eles, a lição que fica é que é preciso cultivar uma cultura de prevenção a grandes incêndios no país.

O incêndio deixou ao menos 231 mortos (a maioria por asfixia) e 106 hospitalizados. A boate Kiss era uma das principais casas noturnas da cidade e era famosa por receber estudantes universitários. Segundo o coordenador da Defesa Civil, Adelar Vargas, o fogo começou na espuma de isolamento acústico quando um dos integrantes da banda que se apresentava acendeu um sinalizador, que atingiu o teto.

O guitarrista da banda Gurizada Fandangueira, Rodrigo Lemos Martins, também disse à Folha que o fogo começou depois que o sinaleiro (chamado por ele de “sputinik”) ter sido aceso. Um segurança da casa e o vocalista da banda tentaram apagar o incêndio, afirma o guitarrista, porém o extintor não funcionou.

Para Valdir Pignatta e Silva, professor da Poli/USP e especialista em segurança contra incêndios, houve ali uma sucessão “absurda” de erros. Ele cita a falta de sinalização para a saída de emergência e o fato de haver apenas uma porta de acesso ao local. Também afirma que o teto da boate era feito de material inflamável.

O pesquisador da Coppe/UFRJ (Coordenação de Programas em Pós-Graduação em Engenharia) Moacir Duarte diz que as pessoas foram vítimas de uma “desorganização primária”.

“Um vistoria simples, de menos de duas horas, feita por um bombeiro, bastaria para vetar o local para a realização de shows”, disse. “Há uma cadeia enorme de responsabilidades.”

Além das falhas na estrutura, Duarte cita ainda o problema da falta de rádios para a equipe de segurança.

Sem saber o que acontecia, seguranças na porta da boate pensaram inicialmente que o tumulto havia sido causado por uma briga e barraram as pessoas para que elas não deixassem o local sem pagar a conta. Enquanto isso, outros funcionários tentavam combater as chamas em outro local.

Cultura

Pignatta e Silva, da Poli, afirma que as pessoas precisam criar um cultura de salvaguardar sua vida em situações como a encontrada ontem no Rio Grande do Sul.

“Infelizmente, o fato de existir uma casa com capacidade para mais de mil pessoas, em um ambiente totalmente fechado, não deu um alerta na cabeça de ninguém. Ainda mais com objetos pirotécnicos no palco”, afirma.

Segundo ele, em outros países do mundo, como na Inglaterra, as pessoas têm na memória incêndios que ocorreram no século 17. “Provavelmente, nem você nem eu teríamos nos preocupado com um incêndio, se tivéssemos naquela boate”, diz.

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