Antes de causar qualquer confusão, deixo claro que este post não trata de fotografias de natureza, mas sim do estilo naturalista, defendido fervorosamente por P.H. Emerson (1856-1936) em seu livro Fotografia Naturalística para Estudantes da Arte. A fotografia naturalista vai contra a imagem artística, a ideia é captar imagens que retratem exatamente o que o olho humano viu na cena. Manipulações e edições são proibidas aqui, a não ser que sejam praticadas para corrigir falhas da câmera, com o objetivo de ser totalmente fiel ao assunto original.
Ernst Gombrich (1909-2001), um dos mais célebres historiadores de arte do século XX, oferece uma definição da semelhança da imagem com a realidade, que compartilharei com vocês para quem compreendam a fundo a ideia de fotografia naturalista:
“Uma imagem fiel é uma superfície física delimitada, processada de um tal modo que reflete (ou transmite) um feixe de raios de luz num dado ponto que coincidiria com o mesmo feixe de raios do original àquele ponto.”
Este é o estilo naturalista: guardar um registro da realidade exatamente como ela é. Foi no auge deste movimento, por volta dos anos 1890, que nasceu a discussão para definir se fotografia pode ser considerada arte ou não. Afinal, podemos construir novas imagens e recriar momentos, ou o correto seria apenas registrar o real, sem edições? Até hoje, muitas pessoas não conseguem responder à essa pergunta.
O estilo é contra o pictorialismo, que se inspirou nas técnicas estéticas de pinturas e gravuras para criar imagens fotográficas quase que irreais.
Eu sou a favor da liberdade de criação e acredito que todos devem utilizar a fotografia como desejarem. É por conta dessa liberdade criativa que encontramos lindos trabalhos por aí. Mas acredito que a fotografia naturalista também tem seu charme. Ainda mais em um mundo digital em que tudo parece estar obrigado a passar por algum tipo de manipulação.
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